Contemplado com o Edital Pró-cultura FAC Regional e com financiamento da Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, a Mostra de Cultura Popular Afro-Gaúcha irá homenagear as manifestações da cultura negra e das tradições populares, com atividades gratuitas de dança, música, artes visuais, audiovisual, literatura, culinária, moda, costumes e saberes
As cidades de Jaguarão e Pelotas foram as escolhidas para receber a I Mostra de Cultura Popular Afro-Gaúcha, que realizará uma intensa programação cultural gratuita e aberta ao público, com o objetivo de resgatar a ancestralidade e valorizar a identidade e cultura negra no Rio Grande do Sul.
Serão diversas atividades artísticas e formativas, como espetáculos de dança e música, exposições e intervenções de artes visuais, exibição de produções audiovisuais e realização de oficinas de moda, costumes, gastronomia e debates sobre tradições e saberes. A programação ocorrerá em escolas públicas municipais, Quilombo Madeira, Biblioteca Pública, Theatro Esperança, Clube Negro 24 de Agosto e Antigo Centro de Economia Informal.
O projeto contemplado com o Edital Pró-cultura FAC Regional e financiamento da Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer é uma realização da Imago Produtora, Instituto Cultural Afro-Sul Odomode e Patuá Comunicação Solidária e conta com o apoio das prefeituras de Jaguarão e Pelotas.
Em Jaguarão, a Mostra ocorre entre os dias 14 e 17 de setembro. Em Pelotas será entre 16 e 19 de novembro. As duas cidades foram escolhidas em função de sua importância histórica para a resistência da comunidade negra.
A Mostra será ponto de encontro das expressões da cultura negra gaúcha, lançado um olhar sobre parte da imensa produção cultural do negro no Rio Grande do Sul. “Queremos referenciar, estimular e divulgar a produção material e imaterial da cultura popular afro-gaúcha, bem como apoiar o seu desenvolvimento, fomentando o incremento e o fortalecimento do ensino e da pesquisa na área da cultura popular”, explica a coordenadora da mostra Luana Gonzalez Khodjaoghlanian, da Imago Produtora, uma dos realizadoras do evento. O evento reunirá alunos da rede municipal, comunidade quilombola e demais interessados.
A programação envolve 18 grupos, artistas, pesquisadores e produtos culturais vindos de quatro municípios gaúchos. São eles: Afro-sul Odomodê; Alabê Oni; “Braziliano”; Carlos Alberto de Oliveira “Carlão”(in memoriam); Contramestre Guto e Africanamente Escola de Capoeira Angola; Eduardo Tamborero; Eduardo Tavares; Iosvaldyr Carvalho Bittencourt Junior; Luís Flávio “Trampo”; Maracatu Truvão; Maria Iara Deodoro; Marietti Fialho; Marina Rodrigues; Merli Leal Silva; Paulo Romeu Deodoro; Raquel da Silva; Richard Serraria; Restinga Crew; e Três Marias.
I MOSTRA DE CULTURA POPULAR AFRO-GAÚCHA
PROGRAMAÇÃO – JAGUARÃO
///QUINTA-FEIRA (14/9)\\\
9h: Abertura da exposição de artes visuais
Local: Sagão do Theatro Esperança
Obras de Carlos Alberto de Oliveira “Carlão” e Raquel da Silva (Novo Hamburgo)
*Aberta a visitação pública até o dia 17/9, nos horários de funcionamento do Theatro Esperança.
9h: Oficina de Bonecas Abayomi
Com Mara Lenise Chagas da Silva (Porto Alegre)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Marcílio Dias
9h: Oficina de Percussão
Com Paulo Romeu Deodoro (Porto Alegre)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Ceni Soares Dias
9h: Oficina de Turbantes
Com Marina Rodrigues (Porto Alegre)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Dr. Fernando Corrêa Ribas
9h: Oficina Educomunicação Popular
Com Dora Bragança Castagnino (Porto Alegre) e Merli Leal Silva (São Borja)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Antonio de Sampaio
14h: Saberes Itinerantes no Qulombo Madeira
Oficina de Comunicação Popular, Roda de Conversas e Percussão: Ancestralidade, reconhecimento e transmissão de saberes; obras de Raquel da Silva.
Com Maria Iara Deodoro e Paulo Romeu Deodoro, Merli Leal Silva e Dora Bragança Castagnino
Público: Moradores do Quilombo Madeira
Local: Quilombo Madeira
19h30: Mostra Audiovisual Comentada
Exibição dos documentários Melanina e Memórias Expostas e debate com mediação da Educadora Merli Leal Silva e do cineasta Alexandre Derlam dos Santos.
Público: aberto á comunidade
Local: Biblioteca Pública de Jaguarão
///SEXTA-FEIRA (15/9)\\\
9h: Oficina de Bonecas Abayomi
Com Mara Lenise Chagas da Silva (Porto Alegre)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Marcílio Dias
9h: Oficina de Percussão
Com Paulo Romeu Deodoro (Porto Alegre)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Ceni Soares Dias
9h: Oficina de Turbantes
Com Marina Rodrigues (Porto Alegre)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Dr. Fernando Corrêa Ribas
9h: Oficina Educomunicação Popular
Com Dora Bragança Castagnino (Porto Alegre) e Merli Leal Silva (São Borja)
Público: alunos da Rede Municial de Ensino
Local: EMEF Antonio de Sampaio
15h: Sarau Literário
Com Richard Serraria (Porto Alegre)
Público: Aberto à comunidade
Local: Biblioteca Pública de Jaguarão
17h: Sarauzinho para Crianças / Histórias de Orixás
Com Merli Leal Silva
Público: Aberto à comunidade
Local: Biblioteca Pública de Jaguarão
19h: Apresentações Musicais Alabê Oni e Três Marias (Porto Alegre)
Público: Aberto à comunidade
Local: Theatro Esperança
///SÁBADO (16/9)\\\
9h: Palestra sobre Ações Afirmativas
Com Merli Silva
Público: Professores da rede Pública de Ensino e demais interessados
Local: Auditório da Biblioteca Pública de Jaguarão
10h: Abertura da Exposição fotográfica de Eduardo Tavares “Invisível Gaúcho Negro”
Com Eduardo Tavares (Porto Alegre)
*Aberta a visitação pública até o dia 17/9, nos horários de funcionamento do Theatro Esperança.
Local: Saguão do Theatro Esperança
10h: Palestra e Almoço Culinária Afro-Brasileira
Com Maria Iara Deodoro (Porto Alegre)
Público: vagas limitadas, mediante a retirada prévia de senhas no local, a partir do dia 15/9
Local: Clube Social Negro 24 de Agosto
14h: Palestra Turbante, Cabelo e Maquiagem
Com Marina Rodrigues (Porto Alegre)
Público: aberto à comunidade
Local: Clube Social Negro 24 de Agosto
15h30: Desfile Moda Afro – AfroSul Odomodê
Local: Clube Social Negro 24 de Agosto
17h: Debate “A Cultura, as manifestações e a produção cultural do negro no RS – Contexto Histórico e Atualidade”
Com Iosvaldyr Carvalho Bittencourt Junior, Merli Leal Silva, Eduardo Tavares e Giane Vargas Escobar.
Público: aberto à comunidade
Local: Clube Social Negro 24 de Agosto
17h: Workshop de Danças de Rua
Com Restinga Crew
Público: aberto à comunidade
Local: Theatro esperança
18h30: Apresentações de danças de rua
Com Restinga Crew
Público: aberto à comunidade
Local: Theatro esperança
20h: Apresentação Musical: Margaretti Fialho e Companhia Luxuosa
Público: aberto à comunidade
Local: Theatro esperança
///DOMINGO (17/9)\\\
Das 9h às 16h: Intervenção artística com grafitti
Contribuição permanente da Mostra para Jaguarão com Braziliano (Santa Maria) e Trampo (Porto Alegre)
Público: Aberto à comunidade
Local: Antigo Centro de Economia Informal
10h: Aulão de danças Afro-brasileiras
Público: Aberto à comunidade
Local: Antigo Centro de Economia Informal
10h: Oficina de Percussão
Com Paulo Romeu Deodoro
Público: Aberto à comunidade. Os interessados podem levar seus próprios instrumentos para participar
Local: Antigo Centro de Economia Informal
11h: Roda de Capoeira Angola e Samba de Roda
Com Contra Mestre Guto – Ponto de Cultura Africanamente (Porto Alegre)
Público: Aberto à comunidade.
Local: Antigo Centro de Economia Informal
14h30: Apresentação de Dança – Maracatu Truvão
Público: Aberto à comunidade.
Local: Antigo Centro de Economia Informal
16h: Encerramento da intervenção artística com graffiti
Contribuição permanente da Mostra para Jaguarão com Braziliano (Santa Maria) e Trampo (Porto Alegre)
Público: Aberto à comunidade
Local: Antigo Centro de Economia Informal
18h: Espetáculo Cênico: “O Feminino Sagrado – um olhar descendente da mitologia africana”
Com Instituto Social AfroSul Odomodê
Local: Theatro Esperança
*Após o espetáculo, o público sairá em cortejo pelas ruas da cidade
SOBRE OS ARTISTAS
Afro-sul Odomode:
O grupo Afro-Sul de Música e Dança é uma instituição cultural que funciona como movimento de valorização da cultura negra e do direito a livre expressão da pessoa humana, com objetivo de lutar contra o racismo e divulgar a história e a música negra através de seus espetáculos. Foi criado por jovens negros, integrantes de uma banda, em Porto Alegre em 1974. Formado inicialmente apenas por instrumentistas, o grupo resolveu inserir bailarinos em seu elenco para melhorar seu desempenho. Ao longo dos anos, a Afro-Sul desenvolve atividades dentre as quais se destacam a dança, a música, a moda e a gastronomia. Retrata a cultura afro-gaúcha e a difunde para além das fronteiras da Capital e até mesmo do Brasil, com um repertório que viaja pela “diáspora Africana” e efetua a fusão entre música erudita e ritmos afros.
Alabê Ôni
Grupos de artistas e pesquisadores da percussão afro Sul rio-grandense voltado à valorização dos tambores e manifestações de raiz africana do Rio Grande do Sul, materializando-os em Porto Alegre. Formado pelos músicos Pingo Borel, Mimmo Ferreira, Tuti Rodrigues e Richard Serraria. Alabê Ôni é, também, na língua iorubá, uma expressão que significa “nobre tamboreiro” ou “grande mestre dos tambores” – acima de tudo, uma homenagem dos músicos Richard Serraria, Pingo Borel, Mimmo Ferreira e Tuti Sagui à ancestralidade assaltada da África e que resistiu por séculos em terras distantes.
Braziliano
Braziliano (Santa Maria, Brasil, 1981). Grafiteiro, ilustrador e quadrinista. Artista autodidata, que desenvolve, como principal temática no seu trabalho o Afrofuturismo, ficção cientifica pelo olhar do negro contemporâneo conectado com as raízes de sua cultura. É um artista urbano, com um trabalho que se aplica a diversos suportes e linguagens.
Carlos Alberto de Oliveira – o “Carlão”
Carlos Alberto de Oliveira (1951 – 2013), o Carlão – como é mais conhecido, é um pintor gaúcho nascido em Novo Hamburgo. Representa um dos nomes mais importantes das artes visuais do Rio Grande do Sul e do Brasil. Para além de um trabalho profundamente voltado para a cultura popular e para os acontecimentos cotidianos das pessoas, sua obra marca a história da cidade de Novo Hamburgo. Artista de grande habilidade no desenho e na pintura retratou cenas de trabalho e lazer de uma cidade dedicada, por muito tempo, a produção calçadista: esteiras de fábricas, lojas, jogos de futebol, bailes de carnaval, cenas de bar.
Representante da arte naif, participou de exposições nacionais e internacionais. Recebeu menção honrosa na Bienal Naïfs do Brasil em 1996, em Piracicaba/São Paulo e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul-MARGS possui obras suas em seu acervo. Durante o seu trabalho como funcionário público municipal da Secretaria de Educação, trabalhou no Atelier Livre Municipal, atualmente chamada de Escola Municipal de Arte Carlos Alberto de Oliveira – Carlão, até a sua aposentadoria e mostrou para milhares de alunos o seu estilo inconfundível e a força da sua pintura. Uma pintura de cores vivas, onde imperam o amarelo, o azul, o verde e o vermelho, contornados com o traço preto marcante. Uma obra que fez da presença de coletivos de pessoas uma de suas marcas mais fortes e faz de todo apreciador um discípulo do valor das coisas simples da vida.
Eduardo Tavares
Eduardo Tavares é gaúcho, formado em Jornalismo pela UFRGS, onde foi, também, professor de 1992 a 1998. Trabalhou em vários veículos da mídia brasileira em Porto Alegre, São Paulo e Brasilia. Conquistou alguns prêmios internacionais de fotografia, destacando-se o segundo lugar do Nikon Photo Contest de 1993. Publicou doze livros fotográficos e criou um Banco de Imagens com mais de 100.000 fotos do Brasil e exterior. Ele é o autor da exposição fotográfica “O Invisível Gaúcho Negro”, que esteve aberta para visitação em 2014, na Assembleia Legislativa do RS e agora será apresentada na I Mostra de Cultura Popular Afro-Gaúcha.
O trabalho objetiva dar visibilidade, através da força documental da imagem, ao numeroso universo de afro-descendentes no meio rural gaúcho e a importância do seu trabalho na sustentabilidade da economia e da cultura desse ambiente. A oligarquia rural gaúcha, normalmente, representa visualmente o gaúcho como uma pessoa branca e omite a figura do gaúcho negro, onipresente em quase todas as fazendas do Estado. Tavares documentou, ao longo dos anos, a presença do gaúcho negro nas fazendas, rodeios, exposições agro-pecuárias, manifestações culturais e quilombolas rurais do interior do Rio Grande do Sul. Com essa exposição ele pretende valorizar essa presença e evidenciar a importancia cultural do afro-descendente no universo gaúcho. As quarenta fotos da exposição são em preto e branco com a intenção de filtrar elementos dispersivos, provocados pela policromia, e evidenciar aspectos visuais antropológicos, objetivo maior desse discurso visual.
Maracatu Truvão
O Maracatu Truvão é formado por pessoas unidas pela vontade de tocar e dançar o maracatu, movidas pela admiração e respeito às culturas populares e aos seus protagonistas. Em setembro de 2017, o grupo porto-alegrense completará 13 anos de atividades. Nesse período, estreitou laços com as tradicionais Nações de Pernambuco, tanto vivenciando essa cultura em sua terra natal como trazendo mestres e percussionistas a Porto Alegre para apresentações e encontros de aprendizado, estabelecendo diálogos com a cultura local gaúcha. Já vieram ao Rio Grande do Sul, em eventos produzidos pelo grupo, integrantes das Nações Estrela Brilhante do Recife, Porto Rico, Leão Coroado, Estrela Brilhante de Igarassu, Cambinda Estrela e Encanto da Alegria. Desde 2007 o Truvão é parceiro do Instituto Cultural Afro-Sul Odomodê, onde são ministradas oficinas de percussão e realizadas apresentações que somam mais de uma centena, no já tradicional “Domingo Cultural” da casa. Em 2015, a ala de dança do Truvão foi indicada ao Prêmio Açorianos de Dança de Porto Alegre. Algumas outras apresentações: Noite dos Museus (2017), Fórum Social Mundial (2005, 2010, 2011), encerramento do Prêmio
Açorianos de Música de Poa (2010), Feira do Livro de Poa (2007, 2014, 2015), Conexões Globais (2013) e incontáveis apresentações na rua e festas produzidas pelo grupo.
Marietti Fialho
Nascida em uma família musical e criada em rodas de samba, Marietti Filaho aventurou- se em percorrer o universo musical a sua disposição. Do samba ao Rock, ela mostra sua versatilidade. Começou sua Carreira em 1991, na banda Motivos Óbvios. Realizou trabalhos com Bebeco Garcia, Egisto Dal Santos, Coié Lacerda, Delma Gonçalves e Da Guedes, entre outros. Conquistou o Prêmio Açorianos de Musica de melhor interprete em 2000. Já cantou por todo o Rio Grande do Sul, além de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Argentina, Uruguai e França. É ativista cultural e fomenta a cultura em sua localidade. Em 2001 começou um trabalho solo, que lhe rendeu o CD Eu Vou Á Luta (2008), revelando seu lado compositora.
Na I Mostra de Cultura Afro-Gaúcha, Marietti Fialho vem com um show com muita composição autoral. Muitas destas, com parcerias com Claudio Costa, Elton Rolim, Marcio Bandeira, Alan Barcellos. Com suas interpretações singulares, ela passeia personaliza composições de Fátima Guedes, Djavan, Sergio Sampaio, entre outros. Estará acompanhada de um quarteto de músicos talentosos, garantindo o balanço e suingue da Música Preta Brasileira: Marcio Bandeira (bateria), Gabriel Silva (percussão), Claudio Costa (violão e vocal), Gustavo Mendes (baixo e cavaquinho).
Raquel da Silva (artista plástica, desenhista, pintora, caricaturista e estilista)
Pinturas de guerreiros, crianças e mulheres negras de olhos tão ativos quanto de sua criadora, habitam um pequeno atelier nos fundos de uma casa simples, no bairro Primavera, em Novo Hamburgo. As obras da jovem artista são referência na comunidade negra. Raquel nunca saiu do Brasil, mas uma de suas telas já percorreu cerca de 40 países ilustrando o material de divulgação da IV Conferência Internacional de Luteranos Negros promovida pela Escola Superior de Teologia (EST), em outubro de 2005. Foi aluna da artista plástica Elisabete Belotto. Em 2004 e 2005, Raquel da Silva expôs no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no Centro Administrativo Leopoldo Petry. Seu trabalho não se restringe às telas. Em 2007, criou várias fantasias de carnaval para a escola de samba Sociedade Cruzeiro do Sul. Sua obra inspirou o tema enredo “Arte que vem da África”.
Restinga Crew
Ao longo de 13 anos de existência, o grupo Restinga Crew construiu uma das mais respeitadas e sólidas carreiras no cenário da dança de Porto Alegre e contribuiu, inequivocamente, para elevar o conceito da cultura Hip-Hop e das danças urbanas no Estado do Rio Grande do Sul. Formou dezenas de dançarinos e ainda forma. Teve seu trabalho reconhecido para além das fronteiras do Estado. Recebeu o Prêmio Açoriano como Destaque em Danças Urbanas em 2012.
Julio Cesar Oliveira de Oliveira, vulgo “B.boy Julinho Rc”, morador do bairro Restinga Velha, é um dos precursores no trabalho com a dança de rua e a educação em sua comunidade. Ele está à frente do grupo, hoje formado pelos principais alunos e arte educadores locais. São eles: Marcos Renato Proensa cunha (Cko), Lucas Name (Foguinho), Casemiro Oliveira da silva (Rochinha), Jessica da Silva Paiva (Jé) e Luis Carlos Nunes Pereira (Caio). Juntos, realizaram shows, workshops, cursos de capacitação, entre outros, muitas vezes, de forma gratuita, a fim de que esta cultura se espalhe, levando sua mensagem de paz e esperança a todos os cantos.
Oriundos da Restinga, bairro de grande concentração negra da periferia de Porto Alegre, o grupo traz, no nome, a identificação de seu pertencimento e o faz com orgulho, a fim de ninguém desconheça a sua herança étnica e regional, presente no modo de falar, dançar e agir de seus integrantes. Ao reafirmar o nome do bairro negro, pretendem demonstrar que a Restinga não é somente o que os jornais e noticiários mostram – quase sempre vinculadas à violência -, mas vai muito, além disto. Restinga é, também, sinônimo de superação, de criatividade, de talento e de luta.
Trampo
Luis Flavio Trampo é um dos precursores do graffiti no Brasil e até hoje, um dos mais ativos. Influenciado principalmente pela cultura brasileira, das metrópoles as tribos indígenas, Trampo demonstra em suas intervenções uma poética visual singular. Por vezes simbólica e experimental, em outros momentos mais figurativa, mas sempre adequada ao ambiente que está inserida.
Conhecido por seu trabalho social, Trampo é a referência de arte urbana em Porto Alegre, participando tanto como voluntário em oficinas para menores em comunidades carentes, como também transmitindo esse mesmo conhecimento em universidades e workshops. Sua circulação em diferentes meios, se reflete também na sua produção e na multiplicidade da aplicação de suas obras. Independente da forma como faz, seu objetivo é sempre o mesmo, levar a arte para onde as pessoas estão.
Três Marias
Três Marias é um projeto realizado a partir do diálogo e da vivência com mestres e mestras de diversas expressões culturais populares, que tem como objetivo divulgar e contribuir com a valorização desses saberes e dos grupos que criam e recriam estas práticas e lutam por reconhecimento, por meio de apresentações artísticas, vivências e oficinas. O grupo valoriza o protagonismo das mulheres como instrumentistas, compositoras e também incentiva e difunde a prática dos instrumentos de percussão.
O projeto Três Marias surge da junção de três integrantes da Banda de Pífanos e de Cultura Popular Mestre Zé do Pife e as Juvelinas (DF/PE), as quais também acompanham o mamulengueiro Chico Simões da Cia Mamulengo Presepada do DF (teatro popular do nordeste brasileiro). Hoje, radicado em Porto Alegre, o grupo Três Marias é coordenado por Andressa Ferreira e Gutcha Ramil, e tem como proposta agregar mulheres musicistas e artistas de outras áreas como dança, teatro, que se dedicam à continuidade e difusão da cultura popular.
O repertório apresenta um pouco da diversidade de ritmos e expressões culturais musicais de diferentes regiões do Brasil. Ritmos como o forró de rabeca, samba de roda, côco, ijexá, ciranda, baião de princesa, jongo, bumba meu boi, maçambique e quicumbi. Um apanhado de cantos e cantigas tradicionais, composições autorais e de parcerias. Em 2013 circularam entre Portugal e Espanha, em 2014 estiveram no Uruguai, e também já tocaram em diversos estados brasileiros como Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Sergipe e Pernambuco.