Democratizar o acesso ao livro é democratizar o conhecimento e a educação. Por isso, a sociedade civil está mobilizada para fazer cumprir a Lei 12.244/10, que determina, até 2020, a criação de bibliotecas em todas as escolas do país, sejam elas públicas ou privadas
Com o fim do prazo se aproximando, organizações se uniram para intensificar a campanha “Eu Quero a Minha Biblioteca”. Criada em 2012, a iniciativa busca desenvolver uma agenda institucional e governamental, construindo debates e conscientizando a sociedade em torno da transversalidade da leitura na educação. A campanha também tem o objetivo de informar e capacitar gestores públicos, facilitando o planejamento de um orçamento que permita recursos para a criação e manutenção das bibliotecas.
A universalização das bibliotecas escolares até 2020 é uma das metas do Plano Nacional da Educação, mas, atualmente, apenas 54,3% das escolas públicas possuem bibliotecas, segundo dados do Censo Escolar 2017. Com uma visão transversal do tema, a iniciativa pretende fazer com que os espaços sejam também de fácil acesso às comunidades, visto que a participação da família também é importante na educação.
A partir do ideal de que “as bibliotecas com livros e leituras devem estar onde leitores(as) estão”, a campanha conta com uma rede de apoiadores da sociedade civil e de bibliotecas públicas e comunitárias, com o objetivo de somar esforços no diálogo com a sociedade sobre a importância do acesso ao livro e à leitura.
No Rio Grande do Sul, a situação é crítica, uma vez que as bibliotecas estão ausentes em quase 4 mil das 9 mil escolas do território gaúcho, representando um percentual de 38%. Os dados foram apresentados em audiência pública realizada no dia 9 de abril na Comissão de Educação, Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do RS.
Além disso, quase metade das escolas do estado não tem bibliotecários, de acordo com dados do Conselho Regional de Biblioteconomia. Desde 1995, o Estado não realiza concurso para o cargo de bibliotecário em escolas estaduais. Os temas foram debatidos na audiência, na qual os deputados que integram a Comissão se comprometeram a cobrar da Casa Civil do Estado o andamento de projetos para a regulamentação da presença de técnicos nas bibliotecas.
Para o Cirandar, as bibliotecas são o coração da escola. Fortalecer redes de cultura, incentivar a democratização do acesso à leitura e à educação e valorizar a diversidade são ações que constituem o cerne da instituição. “A prática de fortalecimento de leitura nas escolas passa pelas bibliotecas e nós estamos juntos com a campanha desde o início”, afirma a fundadora e conselheira da entidade, Márcia Cavalcante.
O Cirandar acompanha a mobilização desde que a campanha foi lançada, em 2012, mesmo período em que a organização integrou o projeto Escola de Leitores, que buscou orientar e implementar projetos de leitura em escolas públicas em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Natal.
Dialogando com professores, estudantes e bibliotecários, a Escola de Leitores premiou escolas públicas que apresentavam projetos construídos coletivamente, promovendo o acesso ao livro de maneira transdisciplinar. “Foi uma experiência muito gratificante, tivemos a oportunidade de compartilhar os conhecimentos que trazíamos das práticas desenvolvidas nas bibliotecas comunitárias, mas também aprimorar nossos conhecimentos ligados à educação, à pedagogia, à prática de leitura na escola”, avalia Márcia. Na ocasião, o Cirandar atuou em parceria com a secretaria municipal de educação de Porto Alegre e o Instituto C&A, além de entidades sociais de formação de das outras capitias envolvidas.
Ao longo de 10 anos de história, o Cirandar sempre caminhou junto a profissionais da educação na luta pelo fortalecimento do ensino público de qualidade. Além do Escola de Leitores, a instituição já realizou cursos e seminários de mediação de leitura, reunindo mais de mil professores, pedagogos, bibliotecários e mediadores de leitura.
Os conteúdos da campanha “Eu Quero a Minha Biblioteca” estão disponíveis no site oficial. http://www.euquerominhabiblioteca.org.br/
Texto: Thaís Bueno Seganfredo | jornalista
Edição: Raphaela Donaduce Flores | jornalista
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