Remanso: Porto Alegre ganha novo Instituto Cultural

Publicado em: 28/02/2024

Localizado na Rua Santo Antônio, entre as Ruas André Puente e Gonçalo de Carvalho, Remanso – Instituto Cultural será inaugurado em março, focado em ampliar o acesso à cultura e às artes visuais

 

Porto Alegre vai ganhar um novo espaço cultural. A Remanso, localizada na Rua Santo Antônio, 366, é um instituto cultural privado, sem fins lucrativos, que nasce para ampliar o acesso à cultura e às artes visuais em Porto Alegre e para fomentar a produção artística de artistas em início de trajetória.

 

O local oferecerá concessão gratuita de ateliês para artistas, bolsas, residências artísticas, além de receber exposições, mostras, cursos e atividades educativas na área das artes e humanidades.

 

A ideia surgiu em 2022, a partir de conversas entre os artistas Guilherme Leon Berno de Jesus e Karina Nery, na época colegas do Instituto de Artes da UFRGS, e a constatação da discrepância socioeconômica no campo da arte e da disparidade das condições sociais entre artistas que estão começando.

 

“É um campo que dá baixa remuneração, então a mobilidade é menor. E, por muitos anos, a gente comentava sobre o desejo de fazer algo nesse sentido”, conta Leon.

 

Eles pensaram em ter um espaço onde as pessoas tivessem ateliês gratuitos para trabalhar. “É muito difícil para um artista em início de carreira conseguir pagar um ateliê para produzir, se ele ainda não tem renda”, explica.

 

Em agosto do mesmo ano a ideia começa a ganhar forma. Guilherme Mautone (doutor em filosofia pela Ufrgs, pesquisador e crítico de arte) junta-se à equipe e começam a planejar e trabalhar no que hoje é a Remanso, ampliando tipos de atividades e oportunidades institucionais.

 

Foi nesse momento, então, que a nova equipe encontrou uma casa para sediar o projeto, a partir de uma doação de um dos fundadores. O local escolhido foi um casarão dos anos de 1930, na Rua Santo Antônio. A casa foi comprada no final de 2022 e, a partir daí, iniciaram com mais efetividade os trabalhos para a criação do instituto. Em seguida, a casa ao lado também foi comprada (casa, aliás, que anos atrás havia sediado a Escola de Yoga Sivananda e a primeira sede do restaurante Mantra).

 

A casa ao lado da Remanso será revitalizada e transformada em um café e contará com salas comerciais para serem alugadas. As duas casas, embora separadas, são geminadas e compartilham um amplo jardim no pátio dos fundos que ficará sempre aberto para a vizinhança e a comunidade, convidando pessoas para sentar, relaxar, conversar e trabalhar.

 

“Olhando de fora, parece que são duas casas. Mas por dentro, elas serão interligadas. Entrando no café, de repente você sente vontade de olhar uma exposição. Ou venha fazer um curso na Remanso e depois aproveite para tomar um café ao lado”, comenta Leon.

 

Neste momento, a casa da Remanso está em obras, com projeto arquitetônico assinado por Ultra Arquitetura e realização da MBK Construtora.

 

A Remanso terá ateliê compartilhado para dois artistas, sala de aula para atividades práticas, sala de aula para aulas teóricas, copa, espaço expositivo, auditório para 30 lugares e jardim.

 

REMANSO: UM CONVITE À DESACELERAÇÃO

A escolha do nome Remanso surgiu a partir da experiência de Leon na pandemia. Desde que nasceu, veraneia na praia de Remanso – Xangri-lá.  E foi lá também que ele se refugiou durante o isolamento social e, por isso, conserva uma relação bastante afetiva com a praia.

 

“Nesse período, a praia de Remanso significava um remanso pra mim. Remanso é uma pequena enseada, onde a água flui com menos turbulência. Remete a tranquilidade, quietude, sossego. Então, a ideia é que aqui nesta casa e no jardim, o tempo – do ponto de vista da criação artística – tenha uma desaceleração, que é necessária – ainda mais considerando esse ritmo acelerado da sociedade nos dias atuais. É como se a Remanso nos dissesse: aqui é um pouquinho mais devagar”, explica.

 

SEMANA DE ABERTURA

Para marcar a inauguração da Remanso, será realizada uma semana com atividades gratuitas e abertas ao público, de 9 a 15 de março.

 

9 e 10 de março

Das 14h às 20h

FEIRA GARGANTA

 

11 e 12 de março

18h

Artes Visuais & Espaços Independentes – Ciclo de Palestras

 

13 e 14 de março

Das 10h às 20h

Canteiro de Obras – Minimostra de arte contemporânea

 

15 de março

19h

Mão de Obra? – Abertura de exposição. Curadoria de Izis Abreu & Guilherme Mautone

 

ESTRUTURA INSTITUCIONAL

A Estrutura é composta por sete associados fundadores: Dani Berno, Guilherme Mautone, Guilherme Leon, Izis Abreu, Karina Nery, Mauro Pippi da Rosa e Silvia Berno.

 

O conselho consultivo é formado por várias pessoas ligadas a artes, principalmente ao Instituto de Artes da UFRGS e da área da Educação: Alessandra Bochio, André Lima, Bruna Fetter, Caroline Ferreira, Camila Schenkel, Carmen Capra, Claudia Zanatta, Eduardo Veras, Elida Tessler, Estêvão da Fontoura, Jéssica Becker, Lilian Maus, Marina Polidoro, Sátira Machado.

 

Na diretoria estão Guilherme Leon (Diretoria Executiva), Guilherme Mautone (Diretoria Cultural), Caroline Ferreira (Coordenação do Educativo), Izis Abreu (Coordenação do Comitê Curatorial).

 

E no conselho fiscal estão Leandro Salatti, Roberto Miranda e Sérgio Pretto.

 

O QUE SUSTENTA UMA INSTITUIÇÃO CULTURAL?

Texto publicado em: https://www.instagram.com/p/CyDsxIRu3zE/

 

Embora a sustentabilidade financeira seja a resposta mais óbvia dessa pergunta, também existem outros fatores dos quais depende a sustentação de uma instituição cultural. E eles não são imediatamente econômicos.

 

Institutos culturais são espaços de fomento, difusão e circulação da cultura, marcados, usualmente, pela pluralidade de expressões artísticas englobadas dentro de um propósito institucional e de uma programação capaz de dialogar com esse propósito e de promover encontros e trocas entre os indivíduos. O fomento, a difusão e a circulação da cultura também envolvem um debate sobre patrimônio cultural e os modos como ele é estimulado, conservado e popularizado. Na ‘Carta do México em Defesa do Patrimônio Cultural’ (UNESCO), formula-se uma definição importante de patrimônio cultural, entendendo-o como “o conjunto dos produtos artísticos, artesanais e técnicos, das expressões literárias, linguísticas e musicais, dos usos e costumes de todos os povos e grupos étnicos, do passado e do presente” (Teixeira Coelho, ‘Dicionário Crítico de Política Cultural’, 2021, p. 306).‎

 

Na Remanso, queremos tomar parte no estímulo da produção e da difusão do patrimônio cultural, porque nosso propósito é ampliar o acesso à cultura e às artes visuais.

 

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